A letra da ley

Este volume, o quarto da série "Mattosiana", compreende dois ciclos de sonetos temáticos.
A primeira parte glosa as aplicações da chamada "lei de Murphy", tal como fora adaptada à cultura brasileira na famosa trilogia assinada por Millôr Fernandes, que se refere a Mattoso nestes termos: "Glauco, primoroso no que faz, irreverente a ponto de até a mim me chocar algumas vezes, dono de uma biografia definitivamente off-record -- marginal, homossexual e cego -- mas perfeita para consagração intelectual, me desfaz qualquer dúvida. Eu admiro!"
A segunda parte faz uma releitura da contracultura musical, verbetando os principais intérpretes e compositores do gênero mais anárquico e, ao mesmo tempo, mais comercial da história das artes: o rock.
Venda sob encomenda.
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FICHA DO LIVRO
Título: A letra da ley
Autor: Glauco Mattoso
Editora: Demônio Negro
Páginas: 111
Formato: 14x21 cm
Gênero: Poesia - Literatura Brasileira
Mais informações:
SONETO PARA DEPOIS [2287]
Não há melhor momento do que o dia
de hoje p'ra deixarmos p'ra amanhã
aquilo que ninguém, de fato, iria
fazer jamais, em consciência sã.
Assim se diz de quem nunca foi fã
de encargos e problemas, quando adia
indefinidamente aquela vã
e inútil decisão que tomaria.
Millôr, que, como Murphy, o caso aponta
do cara preguiçoso além da conta,
parece sugerir que ele é baiano...
Mas ele é brasileiro: eu mesmo, cego,
do suicídio nunca me encarrego
e vou deixando... Nem marquei um ano...
SONETO AO RAPPER [204]
De cor, mulato, pardo, negro, preto.
O branco é simplesmente branco, e só.
Você quer mais respeito, não quer dó.
Quer ser um cidadão, não quer o gueto.
No Sul, no Pelourinho, no Soweto,
lutando contra o falso status quo
da máscara, a gravata e o paletó:
A letra é mais comprida que um soneto.
Seu canto já foi blues, quase balada;
Foi soul, foi funk e reggae; agora é bala
perdida em tiroteio de emboscada.
Xerife do xadrez, você não cala:
leva a periferia pra parada,
de sola entra no som da minha sala.
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